Querida, ta difícil. Eu sei que já era para ter me acostumado com tudo, mas ultimamente, anda muito difícil carregar sozinha esse fardo. Não vou poder te falar ao certo o que é todo esse peso, talvez porque até eu mesma não ande sabendo o que é. Sabe quando sua cabeça fica tão bagunçada, que nem mesmo seus pensamentos você consegue traduzir? E quando você se exclui, porque não consegue dinamizar um misero sorriso pra, quiçá tentar, maquiar seu stress e mau humor? Ou, quando você precisa de algum tipo de droga pra ser capaz de encostar a cabeça no travesseiro e fingir que o mundo está feliz com suas atitudes? Eu sei. Dói. Sei que mastiga sua carne, inebria seus sentidos, gasta seu espírito e depois, hã, atormenta até seus sonhos mais profundos. É cansar de tentar ficar bem e não ficar. Vira uma espécie de masoquismo. Quanto mais se sofre, mais quer se afundar na tristeza; quanto mais você se isola, mais sozinha você quer estar. Sendo mais exata, não passa de um vício; você passa a se alimentar dele e ele de você. É seu esconderijo mais secreto. Uma toca tão escura, que quando alguém entra não enxerga nada e sai batendo a cara nas paredes, mas você, o ser das cavernas que ali abita, já sabe o caminho de cor. Ainda está escuro, você não enxerga nada, mas já sabe onde estão os obstáculos. E apesar de viver ali, você não encontra nunca a saída e ninguém consegue te ajudar. Eu sei. As lágrimas já não se contêm com a mesma facilidade de antes, nenhum travesseiro é quente o bastante pra te consolar e ninguém nunca, ouça bem, nunca, vai entender o que se passa nesse coração flébil. Querida, não tem solução pra isso. Só mesmo o tempo vai conseguir sanar essa amargura que hoje faz de lar meu peito, mas claro, amigos costumam fazer parte desse processo, se não eles, lápis e papel, tela e pincel, grito e céu. Acredite querida, eu sei.