sexta-feira, 12 de abril de 2013

Solidão nossa de cada noite


A camisa grande, a calcinha sorriso amarelo, as cortinas balançando, o puff beirando a porta que dá pra sacada, Boate azul de fundo ao longe, a brisa gelada de quem veio buscar os solitários e a completa escuridão tanto do quarto, quanto da alma. Cenário perfeito para quem curte um romance trágico. Tudo perfeitamente se encaixa em mim. Em mim. Parece estar encarnado. Espírito brincalhão, do mal, disposto a ver narizes vermelhos.  Diga-me Doutora, o que eu tenho? - Querida, você tem alma e seu estado é grave. Sinto-me chata de tal forma, que bater a cabeça na parede é quase uma solução. Me auto-constatar nessa condição lamentável, que bicho algum merece estar, é dilacerante, é boca seca, salgado. Paz, meu autocontrole berra e implora, escondido, talvez acorrentado dentro de alguma caixa de cigarros amassada por aí. Estou cansada dessa gente importuna. Pra me livrar desse povo, me abandonei, me larguei afogada na piscina de um copo de vodka. A carcaça está a Deus dará, ele escolhe o preço, ele manda pra esquina que quiser. E os olhos inchados, rebocados de preto amarronzado, vão ficando nas janelas acesas de dor, nas novelas assombradas pela perda da inspiração dos autores, nos olhos vazios que encontrar pela frente.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Dias marrons molhados



Foi em um dia desses nublado, escuro, enfumaçado, cinza, marrom molhado, que eu pude então analisar o efeito da carência e do desamor que a cidade grande faz em mim. Eu me sufoco em meio a esses milhares de prédios deslumbrantes e a poluição ilusionista, entre buzinas incessantes e derrapadas repentinas. Me perco ao centro da multidão, mergulhada nesse oceano de pessoas tão coladas e perfeitas feito moléculas de diamante, aparentemente fortes quanto o próprio, porém de perto não chegam à força do grafite, que apesar de ter os mesmos componentes do rei dos brilhantes, praticamente não há ligação entre uma camada e outra, evidenciando sua fragilidade já há muito gritante. Não sei se aguento essa loucura por mais tempo. Não sei se é solidão de mais pra pouca alma, ou se é pouco amor pra ser dividido entre tantos. Não consigo ter vontade alguma de participar desse sistema individualista. Não tolero essa falsidade impregnada nos sorrisos das propagandas de funerárias, apesar de achar que eles realmente ficam satisfeitos com seu lucro do tipo “Pague um caixão. Leve dois!” ou “Aproveite! Ao ir pra cova, leve um amigo”. Essa idiotice está em todos os cantos que seus olhos podem alcançar, nas pessoas, nos carros, nas pichações, nos outdoors, no céu, no vocabulário da massa e, até mesmo, naqueles cabelinhos fofoletes das crianças! E não venha me dizer que você nunca se influenciou por essa pseudo-felicidade imposta pela mídia, porque aposto que tem algo tão supérfluo dentro de sua casa, que ao pegar no objeto logo vem a pergunta “Pra que isso serve mesmo?”, ou porque com certeza já teve crises existenciais por não possuir uma autoestima indestrutível feito as das panicats. Eu sinto falta é do meu recanto, lá no interior dos interiores, tanto o físico quanto o espiritual, onde minha vida podia seguir o caminho que aparecesse sem se preocupar com o julgamento universal dos vazios de alma, se guiando apenas pelo vento fresco e a falta de medo do escuro. 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Amor, pra que?

Há muito parei com esses post's meio babacas sobre o amor e essas porcarias. Acreditava ou achava que acreditava, até segundos atrás, que esse tipo de coisa era se rebaixar demais, era acima de qualquer humilhação, uma infantilidade. Quando percebi o que estava fazendo, me odiei instantaneamente por estar reprimindo meus sentimentos.  Pra que isso tudo? Porque não isso tudo? Sinceramente, eu me pergunto o porque de não poder mandar uma mensagem pra quem a gente gosta. Só pra fazer parte de um joguinho que, provavelmente não vai ajudar em nada em um relacionamento. Deve ser. Pelo menos nos meus, isso não ajudou em nada. Quero é mostrar mesmo que eu gosto da pessoa. Não tenho medo. Nunca tive. Corro, busco, desejo, demonstro. Porque não poder postar esse maldito sentimentalismo, então? Talvez porque meus pais sejam casados há 25 anos eu tenha aprendido que uma relação morre e renasce várias vezes durante o tempo. Agora posso ser comparada a esses adolescentes emos, mas acho que quem me conhece, sabe muito bem que minha personalidade ta longe de ser uma possível vitima dos cabelos pretos e dos cultos depressivos. Tudo bem que quando eu sofro por alguém, pareço estar condicionada à auto-tortura. Não nego que prefiro sofrer a não sentir nada. Mas gostar de me martirizar, ah, me poupe. Vejo que as pessoas hoje encaram o amor como um contato no facebook ou no celular, um computador, um brinquedo: ele quebra e você descarta. Pessoas não são descartáveis porque pessoas não são coisas. “Amor, pra que?” é a pergunta do século. Amor hoje é considerado sorte, não esforço. O valor deste foi banalizado ao máximo, ao ponto de um “eu te amo” se tornar um "bom dia" e um telefonema pra pessoa que você gosta se tornar motivo de término de uma relação, porque afinal, você ta sufocando a pessoa. Pobres coitados, tão fracos de espírito, desaprenderam a amar, acham uma tarefa dificílima. Quero ver é se fazer admirável pra uma única pessoa durante anos. Ser admirável é tarefa para poucos. Que me desculpe quem não concorda e ou tem como religião a putaria, mas se resolver se envolver comigo, saiba desde já, que eu vou ser muito chata e não faço questão de mudar, porque amar não é se encaixar perfeitamente ao outro e muito menos fingir que não existem diferenças, mas saber apreciar as qualidades e amar os defeitos; é não conseguir viver sem a pessoa mesmo que ela seja uma idiota, é querer sentir o perfume natural dela e achar que é o cheiro mais gostoso do mundo, é querer estar ao lado dela sem motivo nenhum, além do amor que um tem pelo outro.

sábado, 10 de março de 2012

Janelas, sirenes e um amor

Hoje, acordei como de costume, lá pelas 12 horas da tarde, me sentindo um lixo com olheiras gigantes e uma ressaca moral linda e bem duradoura, por sinal. Você, como de costume, continua sua vida sem lembrar-se de mim, até porque você não tem motivos para isso. Porque alguém gostaria de mim e me desejaria por perto, não é mesmo? Magra demais, estranha demais, baixinha demais, grossa demais, feia demais, intensa demais. Já consigo rir disso ultimamente. É idiotice, eu sei, mas me faço sempre as mesmas perguntas para que, quem sabe, eu consiga ter um estalo repentino e, enfim, achar respostas que me façam feliz, mesmo que momentaneamente. A parte pior, é que eu sempre consigo. Vou criando diálogos infindáveis na minha cabeça, crio situações, cenas de amor, de terror, de tristeza e medo. Sinto o sabor e o calor tão à flor da pele, que pelos próprios, se tornam críveis de fato. Andei pensando em te expor tudo o que penso e sinto. É covardia minha não falar, mas realmente nunca tive o dom de fazer discursos sentimentalistas, até consigo escrever, mas falar é meu calcanhar de Aquiles. Ando baranga demais também. Mais um atributo pra enfeitar minha prateleira de defeitos. Andei procurando um lugar que me desse paz física e mental, porque a minha grande companheira Cama e meu querido amante Travesseiro, perderam suas funcionalidades principais, que eram me fazer descansar, e viraram meus agentes conservadores da memória que, é só um detalhe, mas deveria ser e estar reprimida. Admito. Você é minha pior lembrança preferida. Procurei quietude e acabei achando uma janela nada tranquila. Buzinas, derrapadas, prédios, fumaça, cinzas, sirenes, pega ladrões, gente demais e pessoas de menos, solidão. Meu ponto de fraqueza fica evidenciado nela. Estranho, mas é lá que quando quero me afastar do mundo, quando quero pensar sobre minha vida ou quando quero lembrar que existem sentimentos bons dentro de mim, que eu encontro sossego pra escutar meus próprios pensamentos e, claro, ajeitar todo o nosso relacionamento imaginário. Eu só queria olhar em seus olhos e, sem mais mentiras e desesperos, encontrar esse maldito acalento sereno e ardente, que todo o mundo sabe que nenhuma janela vai me dar. Só você. 

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Acredite, eu sei.


Querida, ta difícil. Eu sei que já era para ter me acostumado com tudo, mas ultimamente, anda muito difícil carregar sozinha esse fardo. Não vou poder te falar ao certo o que é todo esse peso, talvez porque até eu mesma não ande sabendo o que é. Sabe quando sua cabeça fica tão bagunçada, que nem mesmo seus pensamentos você consegue traduzir? E quando você se exclui, porque não consegue dinamizar um misero sorriso pra, quiçá tentar, maquiar seu stress e mau humor? Ou, quando você precisa de algum tipo de droga pra ser capaz de encostar a cabeça no travesseiro e fingir que o mundo está feliz com suas atitudes? Eu sei. Dói. Sei que mastiga sua carne, inebria seus sentidos, gasta seu espírito e depois, hã, atormenta até seus sonhos mais profundos. É cansar de tentar ficar bem e não ficar. Vira uma espécie de masoquismo. Quanto mais se sofre, mais quer se afundar na tristeza; quanto mais você se isola, mais sozinha você quer estar. Sendo mais exata, não passa de um vício; você passa a se alimentar dele e ele de você. É seu esconderijo mais secreto. Uma toca tão escura, que quando alguém entra não enxerga nada e sai batendo a cara nas paredes, mas você, o ser das cavernas que ali abita, já sabe o caminho de cor. Ainda está escuro, você não enxerga nada, mas já sabe onde estão os obstáculos. E apesar de viver ali, você não encontra nunca a saída e ninguém consegue te ajudar. Eu sei. As lágrimas já não se contêm com a mesma facilidade de antes, nenhum travesseiro é quente o bastante pra te consolar e ninguém nunca, ouça bem, nunca, vai entender o que se passa nesse coração flébil. Querida, não tem solução pra isso. Só mesmo o tempo vai conseguir sanar essa amargura que hoje faz de lar meu peito, mas claro, amigos costumam fazer parte desse processo, se não eles, lápis e papel, tela e pincel, grito e céu. Acredite querida, eu sei.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Apenas me leve embora

Ainda me impressiona a forma como eu fico completamente deslumbrada com aquela criatura, embriagada por aquele cheiro, amarrada aos seus pés. Droga, chega a dar raiva. Sempre friccionada a te querer, quase como que minha obrigação. Naquelas mãos eu me derretia, virava água, fogo, vento. Nos meus sonhos mais profundos ele está lá, destroçando minha carne fraca, desnudando minhas verdades, afogando meus medos e me fazendo a pessoa mais feliz do mundo. Tudo bem, que eu amo ele. Mas o fato do mesmo não fazer mais parte da minha realidade, consegue me enfiar em uma espécie de coma. Um sono intenso. Não consigo acordar, não consigo me mexer, não consigo nem mesmo viver. Depois que ele partiu, eu ando tão sozinha e mal humorada. Perdida nas minhas lembranças e devaneios. Eu morro de rir lembrando-me da gente, eram tão toscos os nossos cumprimentos e modos, dois imbecis brigando e rindo; admito que era grossa as vezes, mas era em meu olhar e sorriso que se poderia ver meu amor. Ah, eles diziam tanto pra mim, faziam tanto por mim. Eu queria que você estivesse ainda aqui deitado comigo, fazendo cafuné e dizendo que não é pra eu mexer nem um músculo, porque daquele jeito dava pra escutar meu coração. Eu queria muitas coisas, e mesmo sabendo que você não quisesse mais ficar, eu queria no mínimo que você tivesse me levado.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Inocente passado...

Olha, não sou hipócrita de dizer que hoje fico feliz por ter sofrido, que “agradeço a todos que me maltrataram porque assim eu me fortaleci”, que tenho só a agradecer a estas maravilhosas pessoas que pegaram meu coração, de alguma forma, e o esmagaram feito carne moída. A vá pro inferno quem diz isso! Sinceramente, eu não tenho que agradecer nada a todos que me fizeram mal algum dia. Não é rancor, sério. É só saudade do que eu tinha. É só saudade do que eu queria ter até hoje e que me foi arrancado sem nenhum questionamento, sem que eu sequer pudesse reivindicar meus direitos.  Eu perdi o que de mais valioso alguém pode ter na vida. A melhor virtude de uma alma. A maior dádiva concebida por Deus a um ser humano. A inocência. Crescer dói, principalmente quando se é obrigado.